Tem perigo na rede, delete já os sites que defendem a anorexia

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Difícil de acreditar: existem páginas na internet criadas por garotas que adotam o transtorno alimentar como um estilo de vida. Obcecadas pela aparência, fazem de tudo para ficar cada vez mais magras. Só esquecem de dizer que essa doença mata


Emagrecer a qualquer custo
Clarissa tem toda razão. Essas páginas são recheadas de dicas, conselhos e histórias para incentivar e ensinar garotas a emagrecer sem nenhuma preocupação com a saúde. “Limpe algo bem sujo para você perder o apetite. Pode ser a privada, o ralo ou qualquer coisa que cheire mal e tenha uma aspecto nojento”, é a sugestão absurda de um dos endereços eletrônicos. Ou ainda: “Se você for forçada a comer, procure encher um copo opaco com água pela metade. A cada garfada cuspa a comida conforme finge que está bebendo”. E não pára por aí: as páginas pessoais transformam-se em verdadeiras salas de bate-papo para trocas de experiências e mensagens de incentivo a ponto das participantes lançarem um desafio. O movimento No Food prega o jejum durante sete dias para conseguir uma rápida perda de peso. “Tomara que eu consiga ficar a semana toda sem comer nada. Afinal, na segunda começam as minhas aulas e eu preciso estar magrinha”, dizia uma das garotas.

Mais grave do que você pensa
“Nenhuma doença que causa a morte pode ser considerada um estilo de viver”, adverte Erika Romano, nutricionista do Ambulatório de Bulimia e Anorexia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, o Ambulim. Os números comprovam: cerca de 20% dos casos são fatais. Esse transtorno pode levar a um estágio de desnutrição clínica a ponto de exigir internação e, na maioria das vezes, tratamentos multidisciplinares com psiquiatra, psicólogo e nutricionista.

“Uma simples dieta para perder 1 ou 2 quilinhos pode, em quem já tem uma predisposição, detonar um processo de distorção da imagem corporal. A partir disso, essas garotas, mesmo magérrimas, se vêem gordas e continuam querendo emagrecer mais e mais”, explica Fábio Salzano, psiquiatra do Hospital Dia do Ambulim, de São Paulo (SP). As conseqüências são dolorosas: amenorréia (suspensão da menstruação), queda de cabelos, desmaios freqüentes, pressão baixa, problemas de pele, depressão, entre outros sintomas gravíssimos. “O medo de engordar é muito maior do que o de morrer”, atesta Erika Romano.

Beleza na medida certa
Mara Cristina Souza de Lucia, diretora do Centro de Estudos em Psicologia da Saúde, lembra que as mulheres devem, sim, cuidar do corpo: “O conceito de que só é bela quem já nasceu assim acabou. Nós lutamos por isso também”. Essa batalha perde o sentido, entretanto, quando tal projeto triunfa sobre todos os outros aspectos da nossa vida. E o pior de tudo é ver esse tipo de comportamento conquistando adeptos via internet. Por isso, não vale a pena navegar nessas páginas nem que seja por curiosidade. É a escolha por um caminho que aprisiona e está fadado a um inevitável fracasso (muitas vezes à morte!) — exatamente o oposto do que a gente tanto busca.

ALERTA GERAL
Algumas atitudes como as descritas a seguir podem indicar uma tendência à anorexia e a necessidade de consultar um nutricionista, psicólogo ou psiquiatra.
• Sentir-se gorda (mesmo que esteja extremamente magra e todos digam isso).
• Passar a maior parte do dia preocupada com o peso.
• Sentir medo incontrolável de voltar a engordar.
• Preocupar-se excessivamente com valores calóricos.
• Sentir-se culpada ao comer qualquer coisinha.
• Brincar, cortando e selecionando alimentos durante as refeições para, depois disso tudo, ingerir uma quantidade mínima.
• Fazer exercícios compulsivamente, inclusive de madrugada.
• Ter obsessão por comida a ponto de escondê-la em armários ou gavetas.
• Mudar repentinamente de personalidade: de ativa e alegre, a garota passa a ficar deprimida e fechada.

0 comentários:

Postar um comentário

 

2009 ·Vida Saudável by GDC