Barriga leve e solta

terça-feira, 16 de junho de 2009

Ficar sem ir ao banheiro já é ruim. Encarar o inchaço, as espinhas e o mau humor que aparecem com a prisão de ventre é pior ainda. Para resolver de vez esse problema, é preciso mexer na alimentação, se entender com os banheiros públicos e passar longe dos remédios. A gente ajuda você a chegar lá!

Você deve desconfiar que não é a única mulher da face da terra que já ficou um, dois, três, ou até mais dias sem ir ao banheiro. Certamente tem uma irmã, prima ou amiga que também passa dias nessa situação. As mulheres são mesmo as maiores vítimas da prisão de ventre, como provam as estatísticas. “De cada cinco jovens que sofrem com o problema, quatro são mulheres”, conta Frederico Magalhães, gastroenterologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Essa pole position pouco glamourosa pertence às garotas por uma associação de fatores. “A prisão de ventre tem a ver com a constituição do corpo feminino, a ação dos hormônios, a ingestão de anticoncepcional – que altera a flora intestinal – mas, também, com a vergonha que as garotas sentem para ir ao banheiro”, diz Frederico. Isso explica por que, às vezes, seu intestino pára de funcionar quando você viaja para a praia ou dorme na casa do namorado.

É fácil entender como a timidez pode interferir em um processo tão delicado. Quando aparece aquela vontade de ir ao banheiro, que os médicos chamam de onda peristáltica, é porque as fezes estão prontas para sair. Ao segurar essa vontade (ou porque você está no trabalho e detesta usar o banheiro de lá, ou porque não quer dar bandeira em um lugar desconhecido), você interrompe o processo. A onda passa e só deve aparecer de novo no dia seguinte. O problema cresce porque, depois de dois dias, as fezes já estão ressecadas e, portanto, mais difíceis de sair.

Antes de se sentir a grande vítima, porém, é bom entender o que os médicos consideram como prisão de ventre. O assunto provoca uma boa discussão, uma vez que mesmo entre eles não há um consenso sobre quantos dias de atraso confirmam o problema. Enquanto alguns dizem que o intestino normal deve funcionar de duas a três vezes ao dia, como nos bebezinhos ou nos animais, outros alegam que ir ao banheiro até uma vez a cada dois dias está dentro da normalidade. A melhor maneira de sair desse impasse é recorrer ao bom senso. Tem gente que fica dois dias sem ir ao banheiro e se sente bem disposta. Para outras garotas, um dia de atraso representa um martírio: elas sentem o abdômen inchado, mal-estar e até a pele fica um pouco esquisita. “Fique atenta à periodicidade e à consistência das fezes. Se você sempre vai ao banheiro uma vez a cada dois dias, esse é o seu padrão, portanto, só se preocupe caso o ritmo mude. Quanto à consistência, se as fezes são ressecadas e causam desconforto ao sair, mesmo que saiam diariamente, existe um quadro de prisão de ventre”, diz Alex Botsaris, médico especializado em acupuntura e medicina chinesa.

O corpo inteiro sente

Como qualquer coisa que acontece no nosso organismo, a prisão de ventre não é um desconforto isolado. Além da barriguinha estufada e do mau humor (já que enfezada quer mesmo dizer cheia de fezes), o intestino preso também é responsável por outros problemas, que afetam não só a sua beleza como o seu estado de espírito e a sua saúde. “Pode não parecer, mas o intestino é um órgão nobre. Pesquisas recentes demostram que 90% da serotonina (aquela substância responsável pelo bemestar) produzida por nosso organismo vem do intestino e 80% das nossas defesas imunológicas, também”, explica Tiago Almeida, médico especialista em colonterapia.

A maior parte das conseqüências da falta de funcionamento do intestino está ligada às toxinas que não são eliminadas devidamente e, portanto, permanecem no nosso organismo. O resultado pode ser inchaço, gases, enxaqueca, espinhas, alergia, celulite, fadiga e depressão.

Time de ação

Para melhorar o hábito intestinal você precisa atacar o problema em quatro frentes.

Alimentação

Coma pelos menos três porções por dia de folhas, três de legumes e três de frutas. Algumas frutas concentram substâncias que ajudam o seu intestino a funcionar melhor, como papaia, ameixa, abacaxi, maracujá e laranja. Substitua o pão branco pelo integral e consuma um iogurte (com lactobacilos) por dia. Para deixar que as fibras façam o seu papel de limpar o organismo, beba, no mínimo, 2 litros de água por dia.

Exercício físico

A prisão de ventre é um motivo mais que justo para você começar a malhar, pois ajuda nos movimentos peristálticos. Meia hora por dia já é suficiente, e o abdominal é uma boa opção porque fortalece a musculatura do ventre, importante na expulsão das fezes.

Distância dos laxantes

Aqui entramos em um ponto delicado. Você deve ter o cuidado de só se medicar para a prisão de ventre com a recomendação do seu médico. Embora alguns tipos de laxante, como os de fibras solúveis, por exemplo, não causem danos ao organismo, outros (mesmo os naturais à base de cáscara-sagrada e ruibarbo) podem fazer mais mal do que bem. Há o risco de irritar o intestino, destruir a sua flora, viciar seu organismo e, com o tempo, até perder o efeito. “Se hoje você toma um, daqui uns meses vai precisar de quatro comprimidos para ter o mesmo resultado”, explica Frederico.

Prontidão para atender ao seu intestino

Por último, e talvez o item mais difícil de ser incorporado à rotina, é a mudança dos hábitos diários. Será preciso tentar atender prontamente aos chamados do seu intestino, esteja onde estiver. Se ele até já parou de chamar, passe a ir ao banheiro, mesmo sem vontade, após as refeições. É que nesse momento acontece o que os médicos chamam de refluxo gastrocólico, uma movimentação em todo aparelho digestivo, capaz de despertar a vontade até nos intestinos mais preguiçosos. Sente, relaxe e aguarde. Não foi dessa vez, repita a tentativa após a refeição seguinte. Essa técnica só não deve ser usada por quem tem hemorróida, porque pode agravar o quadro. Tente, insista, você vai colocar a sua barriguinha em ordem, seu organismo vai funcionar melhor, você vai ficar mais bonita e muito mais feliz. Encare esse desafio!

A gente dá uma força

Massagens e posturas ensinadas por especialistas podem ajudá-la a sair do banheiro com sensação de missão cumprida

• A posição de cócoras estimula o intestino e o ajuda a funcionar melhor. No vaso, mantenha o tronco curvado para a frente.

• Se estiver em casa, use um banquinho, de cerca de 30 centímetros para apoiar os pés. Dessa forma, as fezes tendem a sair naturalmente.

• Sentada no vaso, faça uma massagem abdominal, em grandes círculos, no sentido horário, para estimular os movimentos peristálticos.

• Se você não gosta de se sentar nos vasos de banheiros públicos, use um papel para forrar o assento. Lencinhos higiênicos umedecidos fazem uma boa higienização, e podem ajudá-la a se sentir mais segura de usar o banheiro na hora do expediente.

• Faça 5 minutos de compressa com bolsa de água gelada, seguida por 5 minutos de bolsa de água quente no ventre. Em seguida, massageie no sentido horário. Repita quatro vezes. “O frio contrai, o calor relaxa. Essas compressas mais a massagem estimulam a contração e a descontração do intestino e iniciam um movimento peristáltico”, explica Alex.



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