Lábios a prova de herpes

sexta-feira, 12 de junho de 2009


Dois remédios, um fitoterápico e um aminoácido, acenam com o fim do mal. Em fase de testes, já mostram sua eficácia, tanto para diminuir a incidência quanto para aliviar os sintomas das incômodas e antiestéticas feridinhas

Este ano promete: vem aí a cura do herpes. Aos medicamentos tradicionais, que têm como princípios ativos o aciclovir, o valociclovir e o fromuir, somam-se a erva Echinacea purpurea e um aminoácido chamado lisina, ambos com potencial para se transformarem em remédios definitivos contra o herpes labial.

Que dor que dá!
Namorar fica difícil. Comparado a um tipo de “gripe da pele” pela facilidade com que ataca suas vítimas, o herpes causa lesões dolorosas, atrapalhando os beijos que fazem subir a temperatura dos amores e das paqueras de verão.

O cirurgião-dentista e estomatologista (especialista em doenças bucais) Silvio Boraks, de São Paulo (SP), usou o fitoterápico em 300 pacientes que manifestavam a doença, alguns com freqüência de até duas vezes por mês, e, desde então (e lá se vão dois anos), nunca mais apresentaram os sintomas. É a cura? Boraks está otimista, mas admite que é cedo para comemorar.

No mesmo front dessa guerra, um aminoácido chamado lisina está sendo adotado com eficácia pelo médico antroposófico José Roberto Kater, de São Paulo. Segundo o médico, essa substância, em fórmulas manipuladas com outros princípios ativos, pode retardar a incidência e diminuir o crescimento das lesões. Entre os medicamentos tradicionais, destacam-se princípios ativos como aciclovir, valociclovir e fromuir. Embora não curem, aliviam os sintomas e podem ajudar a diminuir os ciclos e a incidência da doença. Para quem não quer saber de alopatia, existem opções homeopáticas para aplicação local, como o creme de Rhustox e a tintura de guaçatonga.

E o inimigo arma o bote
O herpes tem um comportamento diferente dos demais vírus. Normalmente, quando um desses microorganismos indesejados invade no organismo, o sistema imunológico imediatamente entra em ação para acabar com ele. O herpes, duro na queda, nunca é destruído. Ele fica latente, dentro do corpo. Às vezes, se manifesta. Outras, não. Tudo depende do sistema de defesa de cada pessoa. Não ter a doença não significa estar livre do vírus. É uma espécie de loteria. Segundo Silvio Boraks, embora 95% da população brasileira esteja infectada, apenas 10% manifesta a doença.

Ansiedade pode provocar surto instantâneo
O que têm em comum os 10% “contemplados” com a a doença? Aparentemente, nada, mas a dermatologista Denise Steiner, da Clinica Stockli, de São Paulo arrisca um palpite: “Os fatores que influenciam a ação do vírus não estão explicados, não há padrão emocional diretamente relacionado à ocorrência, mas a prática clínica demonstra que pessoas mais tensas, ansiosas e perfeccionistas são mais vulneráveis”, afirma. O ginecologista paulista José Antonio Marques ilustra o fato: “O mais impressionante caso de herpes que já vi ocorreu com uma paciente minha, que ficou à deriva, num barquinho em alto-mar, em estado de absoluto pânico, por quase três horas. Quando finalmente foi socorrida, ela havia desenvolvido um quadro agudo e muito grave da doença”, recorda.

O primeiro sinal
Uma coçadinha dá o alarme! Depois o local esquenta e as bolhas se formam. Nesse estágio, já há risco de contágio: evite tocar diretamente a lesão, lavando as mãos sempre que houver contato. Numa etapa mais avançada, as bolhas estouram e, descrevem as vítimas, provocam muita dor! São dois os vilões: o tipo 1, que incide na boca, e o 2, que aparece nos genitais. Não há risco de o tipo 1 atacar mucosas vaginais e vice-versa. Beijos e relações sexuais, conforme o herpes, ficam proibidos desde a formação das bolhas. O bom é que a abstenção não dura muito: até 10 dias, em média. Com ou sem medicação, após esse período, o vírus encerra seu ciclo e torna a se alojar nas terminações nervosas até que um novo evento desencadeie a crise e o recoloque na cena do crime.

Encontre o culpado
Lesão instalada, não há muito mais o que fazer, a não ser escolher quais medicamentos usar para aliviar o desconforto. A hora é boa para fazer uma retrospectiva, voltar a memória até dois, três dias antes das bolhas aparecerem e tentar identificar nesse período qual o agente desencadeador da doença. A proposta é do psiquiatra e homeopata Marcio Molinari, de São Paulo: “Esse exercício de investigação é fundamental para prevenir novas investidas do vírus. Se você conseguir relacionar um comportamento ou fato com o surgimento do herpes, seja uma preocupação com dinheiro seja a perda do namorado, ou stress no trabalho, por exemplo, poderá evitar ou adiar as crises futuras”, explica. “É só ficar atenta.”

No verão, o vírus ataca?
“A maior exposição ao sol é um facilitador, propicia grande ocorrência de casos”, acredita Silvio Boraks. O médico antroposófico, José Roberto Kater tem outra opinião: “Os vírus preferem o frio, as bactérias é que se propagam mais no calor”. Ele credita a conhecida crença de que a incidência do herpes aumenta no verão ao fato de as pessoas se exporem mais, deixando as lesões em evidência. A dermatologista Denise Steiner entra com um argumento conciliador: “O sol baixa a resistência da pele, por isso a estação fica associada ao aparecimento do surto viral do herpes. O vírus, adormecido, se manifesta porque cai a imunidade local”, afirma.

Enquanto o remédio milagroso não vem, o jeito é neutralizar a ação do inimigo com medidas preventivas (veja a seguir). Se a doença já se instalou, doses generosas de paciência são a prescrição mais indicada. O importante é acreditar que dá para domar esse vírus bandido e evitar que ele dê as caras de novo.

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