Hepatite, a doença silenciosa

domingo, 23 de agosto de 2009

Todo cuidado é pouco: o vírus da Hepatite C permanece vivo por 7 dias no sangue seco e até meio mês dentro do esmalte de unhas


Manicures e clientes precavidas vivem de olho na esterilização de alicatinhos e pazinhas para evitar infecções. “A maioria das pessoas não tem noção de como a Hepatite é facilmente transmissível”, afirma Hoel Sette Júnior, da Sociedade Brasileira de Hepatologia.

Trata-se de uma doença que quase nunca apresenta sintomas. “Geralmente, a descoberta vem em um exame de sangue de rotina ou quando se manifesta a sua pior conseqüência: o câncer no fígado”, explica o infectologista André Araújo, do Hospital da Criança, do Rio de Janeiro.

Hepatite A

Durante a estação mais quente do ano, o número de vítimas do vírus da Hepatite A aumenta muito. Isso porque o perigo se esconde na água. Para que o vírus se instale, basta dar um mergulho no mar e engolir umas gotinhas infectadas de água ou mastigar pedras de gelo feito com água de fonte contaminada.

Transmissão: por via oral, principalmente por meio da água e de alimentos contaminados com o vírus. Trata-se de uma doença altamente transmissível de uma pessoa para outra por saliva, sangue e contato sexual.

Sintomas: náusea, diarréia, vômito, dor nas articulações, escurecimento da urina e amarelamento da pele e da parte branca dos olhos.

Diagnóstico: via exame de sangue específico.

Tratamento: A Hepatite A é considerada benigna: em 99% dos casos o fígado se recupera. “Por isso, a vacina para essa doença não faz parte do programa de vacinação oferecido pelo Ministério da Saúde”, diz a médica Flavia Bravo, do Rio de Janeiro. Remédios para náuseas e vômitos são receitados, além de repouso e uma alimentação leve.

Saiba mais: Hepatite B

Tem muita, muita gente por aí que tem esta doença e nem faz idéia

Mais da metade da população mundial já foi contaminada pelo vírus do tipo B e nem imagina. Assim como os outros tipos de Hepatite, este avança sem dar sinais: o vírus pode ficar quietinho por até três décadas.

Transmissão: “A Hepatite B é muito transmissível pelo sexo, muito mais contagiosa do que o vírus da Aids”, revela Hoel. O contato com sangue contaminado também pode infectar.

Sintomas: os sinais são bem raros. Quando eles aparecem o doente costuma apresentar cansaço, moleza, perda de apetite e febre.

Diagnóstico: via exame de sangue específico.

Tratamento: nos postos do Sistema Único de Saúde é possível tomar uma vacina contra esse mal, mas ela está à disposição apenas para pessoas de até 19 anos. Em metade dos casos, a doença se manifesta e desaparece sozinha, sem que o paciente necessite de tratamento. Menos de 5% dos casos evoluem para a forma crônica, que não tem cura. Nesse estágio, ela pode ser controlada com medicação para evitar que se transforme em cirrose ou câncer de fígado - às vezes, muitos anos depois.

Saiba mais: Hepatite C

No Brasil, ela é a doença infecciosa que mais mata pessoas

Segundo o Ministério da Saúde, a Hepatite C é a mais mortal doença infecciosa do país - mais do que a Aids. Apenas 20% das pessoas infectadas desenvolvem imunidade e 80% se tornam portadoras crônicas.

O que pouca gente sabe é que até mesmo um inofensivo vidro de esmalte de unhas pode manter vivo, por quinze dias, o silencioso vírus desta doença.

Transmissão: no tipo C, o perigo está no sangue. O vírus é transmitido por alicates, agulhas e outros instrumentos cortantes infectados. A contaminação por contato sexual pode ocorrer, mas é rara.

Sintomas: na maioria dos casos não existem sintomas. Quando eles surgem, são os mesmos da Hepatite A.

Diagnóstico: via exame de sangue específico.

Tratamento: não há vacina, mas as drogas existentes curam oito de cada dez pacientes crônicos. O tratamento é feito com remédios que fortalecem o sistema imunológico e ajudam a combater a inflamação crônica no fígado.

Importante: as vítimas da Hepatite C devem eliminar bebidas alcoólicas para sempre: os portadores têm três vezes mais chance de contrair cirrose hepática do que os não-contaminados.

Previna-se da Hepatite

A médica Isabella Ballalai, da Sociedade Brasileira de Imunizações, no Rio de Janeiro, indica medidas simples para evitar a Hepatite

• Beba somente água filtrada: se for a um restaurante ou local público, evite bebidas com pedras de gelo.

• Lave sempre as mãos com água e sabão e ensine a seus filhos esse hábito higiênico.

• Lave os alimentos e deixe-os de molho por uns minutos em solução de cloro ou vinagre.

• Cozinhe bem os frutos do mar.

• Use sempre camisinha.

• Leve seu próprio esmalte e alicate para a manicure - é grande o risco de alguma cliente anterior ter a doença. O vírus da Hepatite C sobrevive 15 dias no esmalte e 7 dias no sangue seco.

• Não deixe que as crianças cultivem a mania de levar os dedos à boca.

• Se seu filho fizer tatuagem ou colocar piercing, certifique-se de que os instrumentos usados pelo profissional são descartáveis. A mesma dica vale para quem faz acupuntura.

• Se algum parente teve Hepatite A separe os objetos pessoais do doente, como alicate de unha, gilete, escova de dente, lâmina de barbear, pratos e talheres. Deixe-os fora do alcance de outras pessoas. Lembre-se também de jogar formol no vaso sanitário para desinfetá-lo.

• Não compartilhe seringas e agulhas. Use sempre materiais descartáveis.

• Evite abusar de bebidas alcoólicas e medicamentos, como antibióticos e antiinflamatórios. Eles sobrecarregam o fígado e podem fazer mal à saúde.

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