Desativando as armadilhas do HIV
Acontece com os melhores guerreiros: ao achar que conhecem bem o adversário, acabam relaxando. E, quando menos esperam, o inimigo dá o bote. É o que está acontecendo com a aids. Durante anos, as formas de contágio e de prevenção foram exaustivamente divulgadas, a ponto de até os pré-adolescentes saberem que a camisinha é indispensável para se proteger.
Essa certeza de "Eu sei o que estou fazendo", entretanto, acabou resultando em uma preocupante estatística. O número de mulheres infectadas vem aumentando, segundo dados do Programa de Prevenção HIV/Aids das Nações Unidas. O Ministério da Saúde informa que a proporção hoje é de 1,5 caso masculino para cada feminino, enquanto em 1985 era de 26,5 para um.
"Em relações aparentemente monogâmicas, elas descartam o preservativo e acabam contaminadas pelo parceiro", explica o ginecologista e infectologista Eduardo Franco. Para você não cair na maior das armadilhas - a má informação -, listamos as principais histórias que vêm sendo contadas sobre a doença. Previna-se!
Se ele não ejacula dentro de mim não tem problema
Por que há mulheres que acreditam?
Elas acham que o vírus só é transmitido durante a ejaculação. Assim, têm a ilusão de que, se o homem retirar o pênis antes, não há como se contaminar.
A verdade
"O sêmen pode ser expelido durante todo o ato sexual", explica a ginecologista Rosa Maria Neme. "Por isso, existe o risco de contaminação mesmo antes de o parceiro ejacular." Você também corre perigo quando seu namorado chega aos finalmentes fora mas o sêmen escorre pela vagina.
Com o sexo oral não há risco
Por que há mulheres que acreditam?
Imagina-se que, sem penetração, não há contaminação.
A verdade
"As taxas de transmissão do HIV pelo sexo oral são mais baixas que no sexo vaginal ou anal, mas existe o risco", diz o dr. Franco. O médico alerta, entretanto, que há maior probabilidade de contágio quando a mulher engole o esperma - pois assim o vírus acaba tendo maior contato com o organismo.
Posso me contaminar por meio da saliva
Por que há mulheres que acreditam?
Uma vez que é possível testar anticorpos do HIV na saliva, imaginam que ele também pode ser transmitido por ela.
A verdade
Embora o vírus seja encontrado nesse meio, a concentração é muito pequena para infectar alguém. Existe apenas um registro de transmissão por meio do beijo, que aconteceu porque tanto o homem quanto a mulher tinham feridas com sangramento nas gengivas.
Fazer lavagem vaginal após o sexo, evita a contaminação
Por que há mulheres que acreditam?
Elas imaginam que a ducha elimina o vírus.
A verdade
Isso, de jeito algum, protege contra a doença. "Pelo contrário, pode alterar a flora vaginal e propiciar o surgimento de infecções, que são portas abertas para a entrada de vírus, inclusive o da aids", alerta a dra. Rosa Maria.
Todo bebê que nasce de uma mulher soropositiva tem aids
Por que há mulheres que acreditam?
Como o sangue contaminado da mãe vai para a placenta, acham que o vírus é transmitido.
A verdade
A chance de uma mulher soropositiva, sem estar tomando medicação, transmitir o mal para o feto é de aproximadamente 30%. "Com as medidas preventivas, que incluem a não-amamentação (o leite materno contém o vírus) e o uso de anti-retrovirais na gestação e no momento do parto, o risco cai para menos de 1%", diz o dr. Franco.
Se o teste do meu namorado deu negativo, não tenho a doença
Por que há mulheres que acreditam?
Além de confiarem na fidelidade do homem que amam, elas têm receio de fazer o teste.
A verdade
O exame não é seu. Você precisa fazer um próprio, uma vez que desconhece o histórico sexual de seus antigos namorados. Sobretudo porque o risco de contaminação das mulheres é nove vezes maior do que o dos homens. Uma das razões: a mucosa vaginal é mais suscetível a vírus do que o pênis.
Fiz o teste dias após ter transado e deu negativo. Então, estou sã
Por que há mulheres que acreditam?
Elas pensam que o exame é capaz de detectar a doença logo após uma relação sexual.
A verdade
O teste acusa a presença de anticorpos contra o vírus. E o processo de formação deles pode levar meses. "Esse período, denominado janela imunológica, chega a durar meio ano. Durante esse tempo, apesar de o resultado ser negativo, pode haver contaminação", ressalta José Valdez Madruga, infectologista do Centro de Referência DST/Aids-SP.
Não pego Aids, pois não transo com pessoas de risco
Por que há mulheres que acreditam?
Porque ainda acham que só homossexuais correm risco.
A verdade
"Hoje, a população em geral é considerada vulnerável", alerta o dr. Madruga. Em 1996, os homossexuais respondiam por 29,4% dos casos e os heterossexuais por 25,6%. No levantamento de 2006, a situação havia se invertido: 27,6% e 42,6% (!!!), respectivamente.
Você corre um ALTO RISCO de contrair HIV quando...
● Faz sexo vaginal sem camisinha
● Faz sexo anal sem camisinha
● Compartilha agulhas, lâminas ou objetos afiados que podem furar a pele
Você não corre RISCO ALGUM de contrair o HIV quando...
● Divide o chuveiro ou a cama com alguém
● É picada por mosquitos ou outros insetos
● Compartilha copos, pratos ou mesmo o assento do toalete com outras pessoas
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