O EasyTone, da Reebok, causou barulho no mercado dos EUA, onde foi lançado no fim do ano passado, especialmente pelo apelo publicitário. Um dos comerciais informa que os efeitos do tênis na tonificação das pernas e dos glúteos "deixarão seus peitos com inveja". No Brasil, a estratégia da empresa é comercializar o tênis inicialmente em apenas uma rede, a World Tennis, por R$399,00.
A Reebok afirma que os testes com o produto, feitos na Universidade de Delaware, mostraram que ele colabora para enrijecer até 28% mais os músculos dos glúteos numa caminhada em comparação com os calçados tradicionais. E que tendões e panturrilha trabalham 11% mais com o modelo. O estudo envolveu apenas cinco mulheres, que deram 500 passos sobre uma esteira calçando o produto.
O tênis foi inspirado nas bolas de estabilidade usadas em academias, particularmente a Bosu, uma pequena semiesfera sobre a qual as pessoas ficam de pé durante os exercícios. O conceito teria trazido ao tênis efeito parecido ao de caminhar na areia fofa da praia, que exige um esforço extra.
O Shape-ups, lançado na Couromoda, em janeiro, também parte do mesmo conceito. Um dos estudos divulgados pela marca, feito pelo DC Private Practice, na Califórnia, contou com dez mulheres acompanhadas durante seis semanas. No fim do período, elas perderam uma média de 1,47 quilos, ganharam 41% de força glútea e 37% de resistência lombar, segundo o fabricante. O novo modelo tem preços que variam de R$ 350,00 a R$ 399,00.
Em breve, a Skechers promete lançar uma versão para homens do calçado. Já a Reebok diz ter se concentrado apenas nas mulheres por um motivo simples: pesquisas mostraram que quatro em cada cinco estavam interessadas em produtos que tonificassem os músculos da perna e dos glúteos.
Para o professor Hamilton Roschel, do Laboratório de Adaptações Neuromusculares ao Treinamento de Força da USP (Universidade de São Paulo), a promessa dos calçados é duvidosa. “Existem modelos de treinamento com instabilidade, como plataformas vibratórias, por exemplo, que oferecem um estímulo significantemente maior, e nem assim tem-se observado um efeito positivo com o seu uso”, diz.
Ele também acredita que alterar o modo como se caminha com um solado diferente também pode não ser uma boa ideia. “A alteração desse padrão pode incorrer em aumento de sobrecarga inesperada sobre o aparelho locomotor, o que certamente é indesejável", avisa. Quem decidir experimentar a novidade deve se lembrar que o tênis não é projetado para correr ou pular.
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